sábado, 5 de abril de 2014

[Ensaio] Sobre a cegueira [de quem não quer ver]

E uma fatia da sábia e concisa sociedade da informação se compraz com o erro do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada! Vaias ao IPEA!
Durante mais de uma semana, céticos de todo tipo atacaram quem não viu mais do que tem vivenciado a cada dia na famosa pesquisa: violência. Atacaram, essa palavra é estratégica. Primeiro, questionaram o motivo de um instituto de pesquisa econômica fazer levantamento de tal porte. Sábios, conhecedores profundos da terminologia... e só. Depois, chegaram a apontar um argumento paranoico: a pesquisa foi revelada quando havia um processo de impeachment. Argutos! Enfim, colocaram em evidência os números, já que não conhecem ninguém que acreditam, antes, que a culpa da violência sofrida é da própria vítima. Velados! Velados como mortos, silenciados pela ocasião. Como tem sido por séculos: não somos racistas, nem conheço algum. Assumo: acredito no primeiro resultado do IPEA. Parece mais palpável, números esmagadores. Inocência, talvez, mas erro por alto, e quando o caso da violência, é melhor assim. Amigos historiadores dizem: duvide da fonte. Me dê motivos? Duvidar ao bel prazer de ser cético? Grande, historiador, bravo!
A mesa vira: o IPEA errou. E os sábios argutos, velados, apontam o erro, gritam-no, como se fosse uma palavra de ordem! Parabéns, companheiros em armas. Duvidaram... duvidaram da fonte, a princípio, não? E quando havia justos motivos? Quando uma revisão foi operada por sete dias, sem nenhuma manifestação do IPEA, quando um funcionário de cargo alto pede exoneração. Há! Existem motivos pra se duvidar. Talvez não dos resultados... mas da sociedade.
Nessa reviravolta toda da pesquisa, na contradição de dados, algo mais profundo está colocado, sob nossos olhos, pulando, pulsando para ser revelado, mas será apagado, outra História será contada, a dos novos números será escrita. Com os dados, ainda percebemos que a mulher (sim, nossas mães, nossas irmãs, nossas filhas) ainda é culpada por "gostar de apanhar". Adoram! Claro...
Questionam, apontam que não existem denúncias de estupros, "ninguém é estuprado lavando louça". Partindo desse princípio, da não denúncia de quem é violentado, vivemos sobre assaltos, estupros, roubos... desvio de dinheiro... negligenciamos, subornamos, ora, quem é corrupto? Eu não sou! Quem acha que a mulher deve ser atacada? Você não acha, não é mesmo? Quem no Brasil é racista? A Veja não, nem a Globo, com todas as empregadas negras... a informação, não é, certo? Claro, imparcial!

E na mudança de dados, que se opera da forma que se faz necessário, continuamos jogando a poeira para baixo do tapete. Afinal de contas, quem nunca errou, não é mesmo?
Aplaudo de pé, os brasileiros... os que atacam, mesmo com ideias, a vida das pessoas, por negarem que somos violentos... parabéns pra vocês!

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